Meu Sono
Para que eu possa, enfim, durmir tranquilo
Que não me interrompam por isto ou aquilo
- Pois meu sono é algo sagrado -
Quero dormir enquanto os sóbrios estão acordados.
Acordados, pois, praticando vossas mesmisses
Vossos dia-a-dia, a rotina das chatices
E que me esqueçam, dormindo ali mesmo
Pois meu sono é sagrado, não é descanso à esmo.
Quero me infiltrar no sono mais macabro e denunciador
Nas filosofias impossíveis, no sono do ódio e do amor
Num conto de fadas malditas que vêm me contar
Que a vida é muito mais do que a alguem, idolatrar.
Que não ousem do meu sono, me despertar
Pois não há perdão para tal desgraça
E que os anjos decaídos me venham agora declamar
Sobre a maldição que em mim se passa.