O verde dos teus olhos
Meu coração está congelado.
A ternura que havia nele
escapou por um campo de cinzas esquecidas.
Será que foi o frio da cidade que o congelou?
Ou será que fui eu que me deixei levar pela vida que se leva aqui?
Meus olhos estão secos
e minha cabeça já não dói com problemas da puberdade.
Não quero mais fugir pra ilha,
nem ser raptado por Serafins.
Agora, é melhor ficar por aqui...
é mais fácil e me conforta.
Há uma guerra em meu sótão;
Parecem Deus e o Diabo.
Não sinto nada.
É anestésico e incolor.
É uma infinita e fugaz passagem.
Não é minha vida nem a Morte.
Não é minha dor,
nem a de outrem.
É o que eu esperei
e hoje me assusta.
Salvas de tiros de canhão estouram meus tímpanos.
A orquídea aparece de súbito.
Não é como se eu estivesse no prisma,
mas sinto que Vênus ignora a força de Apolo.
Por onde passo, Deus?
Parece OZ.
Não quero sair desta estrofe,
mas tenho medo de ser um “pra sempre” de vez.
Há um rugido.
Que rugido é esse?
Não rimo.
Rimo.
Não sei se rimo.
Rimando me entrego.
Sem rima sou o ego.
Se digo que sou o que era,
deixo de ser o que fui.
Se fui o que disse que era,
Não sou mais quem eu sou.
Quem sou? Onde estou?
Ah, claro, o poeta e a força verde;
apenas um coração congelado.