sem título (geralmente não coloco títulos em poemas)

Minha mente naufraga em delírios

Meus olhos se perdem no infinito

Ontem foi um dia chuvoso e belicoso

Daqueles de um cinzento não descrito

Vi a lua ancorada no alto

Ser engolida pelas nuvens viajantes

Senão, veria aqui embaixo as luzes

Os fogos e o pulsar de corações ululantes

Procurava o que não devia ter perdido

Atado pelo desejo de encontrar asilo

Em algo que teima a soluçar no peito

Como versos lançados em falso estribilho

Sentado, prostrado na soleira retilínea

Sentia a inércia admoestada de um silêncio

Que povoa esta cidade que não é minha

De rios palmeados, lenhosos de cio imenso

Nesta cidade sem outono e pouca primavera

Sabores coloridos, cumprimentos em língua morta

Encontro as esquinas, pedaços de quem eu era

Soprados pelo vento sudeste, ar de sanha sem porta