O VAQUEIRO

Talvez nada levasse de seu,

desde a roupa até a montaria.

Mas campeava radiante pelos pastos,

aquela vida lhe dava alegria.

Batizou e chamava um a um pelo nome,

o gado que visitava cedinho.

Muito antes da chegada do orvalho,

antes do cantar dos passarinhos.

Assoviava um moda dessas do rádio,

ressendia a cachaça virada no repente.

Brincava com a meninada tonto no cavalo,

a corcunda pra trás e a cabeça pra frente.

Vinha trazer o leite nas manhãs madrugadoras,

e de contente dava risadas avacalhadas.

Com a satisfação de quem levantou faz tempo,

causando espanto no desânimo da rapaziada.

Vai embora e derepente se perde pelos campos,

seu rastro vira fumaça e dissipa no ar.

Um dia ele desapareceu no mato do destino,

e até hoje anda sumido por lá.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 07/08/2008
Reeditado em 19/04/2009
Código do texto: T1117961
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