FATALIDADE

Ao passar do tempo, se apura

E se tenta descartar, como censura,

Muitas idas e vividas epopéias,

Esqueletos corroidos no armário,

Restos frágeis a compor o inventário,

Desarranjadas, decompostas e sem peias.

O prazer em jogar fora o deletério,

Resquício inapagável e funéreo,

Não compensa a sensação de o ter sofrido.

Entrelaçado, eternamente, ao que somos,

Lembranças indissolúveis do que fomos,

Não há como esquecer o que vivido.

Caminhemos, assim, com nossos pesos,

Resignados, conscientes e coesos

Com os fardos que deixamos pela estrada,

Pois que tudo nesta vida, tudo passa,

O riso, a alegria e a desgraça,

Finalizando, numa cova, tudo em nada.

mreno
Enviado por mreno em 13/04/2005
Código do texto: T11171