É TARDE
Na alma medra
O que a dor engedra
- um mortal desgosto.
Fica-me o vazio
De um sol já frio
No ocaso posto.
Do vento o açoite,
Na entrada da noite,
Enregela-me o peito.
Uma mágoa estranha
Nasce da entranha
Do porvir desfeito.
No céu, calmaria,
Vai longe o dia,
Vem triste negrume.
De angústia um aperto,
No espaço deserto,
Soluça um queixume.
Branda calma
Se apossa d’alma
Que debalde chora
No dia que morre,
Na noite que corre...
É tarde agora.