É TARDE

Na alma medra

O que a dor engedra

- um mortal desgosto.

Fica-me o vazio

De um sol já frio

No ocaso posto.

Do vento o açoite,

Na entrada da noite,

Enregela-me o peito.

Uma mágoa estranha

Nasce da entranha

Do porvir desfeito.

No céu, calmaria,

Vai longe o dia,

Vem triste negrume.

De angústia um aperto,

No espaço deserto,

Soluça um queixume.

Branda calma

Se apossa d’alma

Que debalde chora

No dia que morre,

Na noite que corre...

É tarde agora.

mreno
Enviado por mreno em 13/04/2005
Código do texto: T11169