DESTROÇOS
Cingem-me, infeliz, os trapos
De minha velhice precoce.
No mar boiam farrapos
Como se náufrago eu fosse.
Fragmentos meus deixados
Ao sabor das tempestades
São restos estilhaçados
De todas minhas saudades.
Vivi duas vidas, se tanto
Posso pensar que conheço:
Uma de sonho e encanto
Outra que finjo e esqueço.
Desejos e sentimentos,
Vontades e pensamentos,
Deixei-os quando era moço.
Em duas vidas me ative,
Vendo no mar o que tive
E que sou apenas destroços.