DESTROÇOS

Cingem-me, infeliz, os trapos

De minha velhice precoce.

No mar boiam farrapos

Como se náufrago eu fosse.

Fragmentos meus deixados

Ao sabor das tempestades

São restos estilhaçados

De todas minhas saudades.

Vivi duas vidas, se tanto

Posso pensar que conheço:

Uma de sonho e encanto

Outra que finjo e esqueço.

Desejos e sentimentos,

Vontades e pensamentos,

Deixei-os quando era moço.

Em duas vidas me ative,

Vendo no mar o que tive

E que sou apenas destroços.

mreno
Enviado por mreno em 13/04/2005
Código do texto: T11167