DOMINGOS IDOS, NÃO VOLTAM MAIS

Domingos, idos, não voltam mais,
Tardes alegres, inesquecíveis!
Lembranças infantes de pura paz,
Vidas crianças, almas sensíveis!

Ah! que saudades das guabirabas,
Das galinhas e patos embelezando
Os caminhos matutos e, abeiradas,
Cigarras e grilos para mim cantando.

No velho jeep do pai bondoso,
A família viaja na alegria,
O tio na espera, tão ansioso,
Gameleira: que festa!

Quão belo esse dia!

Tão linda quanto aquela lagoa,
Das mutucas, nunca vi outra igual!
No deslize do passeio à canoa,

A minha infância é que voa

No meu pensamento.

 

Tia Maria, sem filhos que nem Sara,

Vinte e poucos, tão caboclos,

Criou tantos e sem gingos,

Se esvaíram pelos cantos

Foram os filhos de Domingos.

O destino nos traz a caminhos distantes,
São vias incertas que nos sobrevêm,
Amores passados, lembranças cortantes,
Alegrias e lágrimas na vida se tem.

É o tio Domingos, que é tio do pai
Deste escritor que lamenta

O que o tempo deixou
No passado; a angústia, a tristeza que vai
Inspirar no presente o que tanto amou.


Parnaíba-PI, 28/06/1988