Momento Frida Kaloh
Sanguessugas sugam como aspirador de pó toda a parte interna do meu rosto, principalmente nos olhos, buchecha e testa.
Enquanto isso, meu olho despeja exatas três lágrimas por segundo.
Minhas narinas e boca inundam-se misteriosamente de água.
Essa tortura que me impede de viver várias vezes ao longo de minha vida, vem sempre me provar que sou forte suficiente para enfrentá-la, mas não o bastante para vencê-la.
A cabeça pesa, o corpo esquenta e logo depois esfria.
É algo que nunca poderei evitar, mas nunca vou me acostumar
Não me deixa pensar, não me deixa falar, não me deixa dormir, não me deixa respirar.
Ouço,escrevo e forço-me a enxergar algo a mais do que esse mar que recobre metade da minha visão
Dizem que a dor dignifica o homem, pois eu não acho nada digno isso que me obriga a ficar impossibilitada e dependente.
Levam muitas indagações e não me trazem nenhuma solução.
Remédios, amigos, mamãe, hospital. Sempre foram tentatívas frustadas...
A única solução é o tempo.
Enquanto isso, vou sendo afogada por essa água que sai de mim mesma num suicídio forçado.
[homenagem à quem faz arte da dor]