Tudo de Mim

Assim, dia sem chuva

Vou andando nas ruas

Perdido em mim mesmo

olhando em volta,

Esse mundo é um estranho

Me olha nos olhos

E vende minha alma

Por poucas fagulhas de alegria

Poderia ser um novo tipo de deus

Ou mesmo mártir de meu próprio sofrer

Se te dissesse como te amo

Ou se te amasse como digo

As feridas levam sempre a caminhos perigosos

Doce escuridão que abraça essa luz frágil

A sua cadeira ainda balança

Parece uma dança de todos esses fantasmas e sombras

Meu inválido sangue corre nas suas veias gentis

Reproduz seu pranto, uma espécie de acalanto

Eu te vejo entre todas as artes

Como obra de mãos eternas, mas filha de seio mortal

De todas ela é a mais bonita

De todas é a mais rica

Não tem olhos nem cabelos

Não tem onde morar, e vai errando pelas esquinas

Tem asas mas não é anjo

Tem medo mas não é homem

Tem lágrimas mas não é vítima

Tem sangue, mas anda em morte

Vai se perpetuando na poesia dos coitados

Seres "não-seres" que vagam na história

Vai ninando o fruto do berço gélido

Sofrendo em risos, rindo chorando

Nasce diariamente para o próprio fim

Vai se tornando poeira e caminha no vento

Ainda chora, por que a inocência persiste

Mas a imagen a engana, e proclama seu ideal

Profanaram sua casa, prostituiram seus sonhos

Apagaram seu rosto, tão belo e sereno

Sufocaram seu canto, tão sincero e leal

E vive assim, fagulha das florestas de seu proprio coração

!!!

Acordo, releio meus devaneios

Sua face ainda está lá, eternizada na parede

Te olho de longe, e é assim que sinto... distância

Que algum dia eu possa me perdoar,

Por ter me doado tanto pra tanta coisa

e ter esquecido de me doar para mim!!!

Tomverter
Enviado por Tomverter em 04/08/2008
Reeditado em 06/08/2008
Código do texto: T1112274
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