Alguns Pais

Foi um homem de muitos dotes:

pintor, astrônomo e escultor.

Analfabeto e letrado.

Passou nesse mundo e deixou sementes;

eu e mais três. Ou foram mais?

Todos com nomes pomposos,

para compensar nossos pequenos cotidianos

com a grandeza que ele nos imaginava.

Foi artista, operário e comunista.

Muito jovem ao envelhecer.

Sábio no ato de viver e, por isso,

rápido no de morrer.

Agora vejo na minha extensão, um misto de testosterona,

artes e alguma sã rebeldia.

Justo agora, que eu, aos cinqüenta, busco a calmaria.

Mas, "C´est la vie"; devo servir de ponte.

Daquelas que têm a justa medida

entre o artista que já se foi

e esse que já vem.

Eu sou um intervalo preenchido.

Fui filho do que partiu

e sou pai desse que já reluz.

E não posso deixar de observar,

que a arte do avô o neto aprimora e traduz.

Seria bom, Ulysses, se tu o visses...