A voz do silêncio
A voz do silêncio é tão ruidosa
Que chego a levar as mãos aos ouvidos
Na tentativa de tampá-los para não ouvir
Mas é impossível, pois,
O ruído atravessa pelos vãos dos dedos
E se entranha no meu ser.
Fazendo o peito querer estourar de tanta dor.
Esta dor faz minhas entranhas,
Contorcerem-se em doloridas lembranças
Saudades do que foi bom, alegre e,
Parecia ser forte para durar a eternidade
Vencer as provas mais duras da existência humana egoísta e preconceituosa.
O nó na garganta
A lágrima deixada cair pelo rosto atônito.
Os lábios em semi-arco voltados para baixo
Deixam refletir no rosto o que vai ao íntimo
Os olhos enuviados pelas lágrimas
Procuram ver no infinito a razão do afastamento.
Hoje o silêncio amplia
Angustiosamente a falta de notícias
Potencializa o poder da indiferença
Põe ao chão a fé no amor maior – amizade
Aquela que não julga, não compara, não espera perfeição.
Simplesmente aceita o outro como é.
Respeita as limitações do outro, aprende a enxergar além do corpo físico.
Mas... Tão cruel é este mundo que imprime no fundo de cada um o valor estético
Que valoriza o transitório, o carnal.
Entrego-me ao carrasco do mundo
O medo de viver!
Beatriz Abrantes