Face a face
 
 
Encontro-me frente a frente
com minha face ferida,
nesse espelho, quem sabe,
em outra me vejo banida.
 
Neste desejo terçã,
febril de ti esquecida,
flutuo serpente e maçã
sem paraíso remida.
 
Antes que o dia acorde,
em uma estrela perdida
aceno pra mim distante,
como se fosse outra vida.
 
Recorte de um amanhã
onde não vejo guarida,
reservo-me guardiã
de outras cores despida.
 
Pedaço de lua nascente
pelo céu caio atrevida,
fogo e êxtase cadente,
desfolhando margaridas.
 
Escondo a face com as mãos
em gesto tão sem saída,
na cinza das horas vãs
sou eco de despedida.
 
 


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meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 03/08/2008
Reeditado em 05/03/2010
Código do texto: T1110340
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