Prisão de memórias
Minhas paredes estão chorando
Sufocadas, claustrofóbicas
Enquanto meus gritos vão tateando
Como se minha voz fosse apenas um feto
Procurando vida
Nesses silenciosos pedaços de concreto
Esse chão suporta meu corpo inerte
Como um tabuleiro onde o destino avança
Saboreando toda a falsa realidade
Meus passos não acompanham a dança
E essa nudez de sentimentos me assusta
E também afaga minha animosidade
Espelhos que não me observam mais
Que hoje só sabem me ignorar
Apenas escutando minhas preces
E eu nunca peço mais
Do que minha própria mente pode me dar
E só me restaram as pegadas
Minhas próprias impressões digitais
Escrituras em pedras que suspiram
Memórias apagadas
Em um coração que já não lembra mais
E me sobrou a vida...