O Sonho de Nereu

Queria em meus sonhos viver

Intensamente. Via nascendo

E dormindo, subindo e caindo

rastros por Europa e África

Voei como o bote das serpentes

desérticas. Poéticas como só

n'um pulo ao além de segundos

Com o tombo astúcio - subia o pó.

Meus sonhos me levavam a

Paris! Tudo que eu quis, oh

- Quis nada, mas fiz que sim -

Até oferecerem moedas por meu fim

e me mandei. Era rei e era escravo

Fui meio Sade, meio Olavo até

querer ser poeta! Meta! E me perdi

Quebrei minhas asas, fui a pé

Caronte me dizia coisas belas

Porém, todas elas fúteis que a ponto

de lhe pedir um cigaro e, com um

escarro lhe agradeci - sou mais o meu!

Não sabia, porém, quão alto era

o gemido da fera filha do Rei tirano

Jurei, então, - perigo! - continuar sonhando

E, de poeta, passou a ser o pejorativo domínio

Minha meta.

As moedas me foram pagas.

Houve quem visse o rei em mim.

Fui o Hoody dos desertos e meu

sonho morreu assim.