AO SOM DO PIANO E SOB A CHUVA.
Ontem, pegou-me uma tempestade.
De maldade
Inundou a minha sofrida cidade.
Nesta minha idade
Que se questiona tudo
Com mais reflexão,
Roga-se uma praga pro prefeito do PT
Que depois da posse nada mais fêz.
As promessas de campanha ficaram no palanque...
Um "ianque" governando o meu município.
Mas, deixando os idiotas de lado,
Fui me abrigar num shopping.
Desavisado,
Encontrei um palco armado
E um piano ao centro.
Um negro piano de caudas
Ébano e marfim.
Lembrei-me de Artur Moreira Lima
Em seus concertos internacionais.
O maior de todos os intérpretes
De Chopin, em todo o mundo, é ele
Um brasileiro da gema.
Qual a minha surpresa
Após tanta admiração
Sobe ao palco Artur Moreira Lima.
Eu, recém saído de uma crise renal
Com o joelho inchado por uma torção
Fiquei em pé até o fim
Assistindo ao vivo
Os dedos mágicos do pianista
Num recital virtuose.
E a chuva inundou a cidade
Muitos perderam tudo
Casas sob as águas
Desepero, porque aqui quando chove
Parece água e castelo de areia.
A água vence e o castelo se esfacela.
Mas, lá dentro Artur Moreira Lima...
Numa contradição dessas da vida
Que nos dão a certeza de que a vida é bela
Apesar dos prefeitos e de suas incompetências.