Memória Corporal [2]
Finges dormir pesado e solto
Mas não queres, não consegues
Travesseiros ocultam as íris de mel
E me espreitas por entre os cílios
Bem sei que aspiras meu cheiro
Enquanto contornos na penumbra mapeias
Quando me deito te acordas inteiro
Respiras suave na minha nuca. Arrepio.
A teu rosto ensino as doçuras do beijo
E à tua boca revelo acordes de sereias
Afogando-te em mares de ternura e desejo
Sabes-me capaz de tirar-te o sossego
Cobrindo-te enfim com um amor verdadeiro
Aquele que reúne valores primordiais
Na serenidade dos sábios, a ânsia de animais,
E essa Paz que sentes é tão plena e extensa ...
Que te desperta medos.
Parecem reais.
De natureza abstrata.
Mas de tremores abissais.
Te afirmo. Não há motivos.
Encontros de almas acontecem assim.
Um frio profundo nos jardins internos.
Esqueça Helsink na pele sem invernos.
Te aquieta. E aceita o que não tem fim.
Depois te aqueças de vez.
Em mim...
Claudia Gadini
11/02/05