Veredicto
Insano sonho suave
No deslize onírico acordado.
E você que sonhou comigo
Agora se afasta na nevasca
Esquecendo das noites perpetuadas
Nas circunferências da lua-cheia.
O lobo que uivou ao clarão do céu
Ao semblante desgastado do apocalipse
Bebe a última gota do crepúsculo
Na fumaça que obscurece o eclipse.
Tão pouco restou da lucidez
Que a loucura perdura na embriagues.
Sonâmbulas angústias que emergem
Dos remotos dias de um delírio tênue.
Aquele sonho ainda me olha de esguelha
Numa fração ínfima da centelha
Que insiste em iluminar o breu.
Mais demente que a crença do profeta.
Mais suave que a melodia das ninfas.
Arrastando meu coração ao passado
Predestinado a matar esse louco amor
No veredicto do tempo anunciado.