A Cidade , o Deserto, o Real
Vejo um mundo inédito nascendo
Dolorido, penoso, sangrento
Os sonhos restantes desvanecendo
Deve ser o novo tempo chegando
Ventos do deserto movendo dunas
Cobrindo ruínas e restos de sons
Sobre a areia quente arrasto pedras
Queimados meus pés, lanhadas as mãos
Meu suor e sangue vivificam o chão
Mato a sede num olho d'água. Cristalina!
Que a cada dia me parece maior
Nela me banho e purifico. E é bom
Não vejo miragens, capturo o que é real
Nos dias, o chicote inclemente do Sol
Nas noites, o frio, tempestades sílicas
Alguns irmãos colaboram no árduo trabalho
E - humilde - alimento-me de sua generosidade
Na gratuidade de seus gestos aprendo de amor
O corpo frágil guarda a mente serena
E a renovada Fé não sabe de escuridão
Silêncio e solidão me fortalecem. Ainda sorrio !
Não há o que temer, pois nada tenho
Riquezas invisíveis não atraem ladrões
O espírito forte repele peçonhas
Sigo na obstinada tarefa, apesar das feridas
Olvido o ontem e não arrisco o dia que vem
Concentro forças no hoje, pois nessa matéria sou
A cada momento toma forma minha cidade
E terá a amplitude do merecimento
O reconhecimento do honesto projeto
O olho d'água sussura : Seremos um Oásis ?
Nego veemente : Seremos concretos!
Mas planto sementes variadas. Só por precaução....
Claudia Gadini
09/02/06