Sobrevivência marginal

Numa cidade desconhecida,

Perdido mais uma vez,

Onde placas de ruas e avenidas,

Não lhe devolvem a lucidez

É mais uma cabeça de gado,

Desenfreada e irracional,

Atravessando as catracas do metrô,

O seu caos urbano matinal.

A essência é suprimida,

O mal-estar já é normal.

A exigência por mais um dia

É a sobrevivência marginal

Quando, após um jogo de cartas,

Em uma mesa de bar

Entre um copo e outro de vinho

Seus pais lhe conceberam sem pensar

Nasceu então e foi crescendo

- Mas não foi criado para pensar.

A burguesia é uma piada,

É tudo o que ele sabe falar

São todos farinha de uma mesma saca

E assim ele se põe a soluçar

Mas a única certeza que lhe mata

É a de que estão numa prateleira acima a falar

Uma prateleira pra ele tão alta,

Que ele nunca irá alcançar

Sua mãe lhe disse uma vez

Que a vida ele precisava ganhar

Que aquele era seu maior desafio

E ele precisaria muito se esforçar

Mas não lhe explicou como nem por onde

A vida ele deveria começar

Se tornou então um homem-bomba

Prestes a se render e a explodir,

Mas sem a munição correta

Ninguém fez força para lhe impedir.

Pois esqueceram de lhe avisar

que hoje em dia o ganha pão

é diferente dos tempos do café-com-leite

hoje é fruto da informação.

Em um quarto escondido,

Onde pensamentos vêm e vão,

Ele se encontra perdido

Num inferno de desilusão.

Aguarda então calado

Por um disparo ou por um perdão

Porque, para a sua cabeça de gado,

O suicídio é a única solução.

Lucas Sidrim
Enviado por Lucas Sidrim em 27/07/2008
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