CAMINHAR AO VENTO
O vento frio bate em meu rosto
Como um soco, a lufada me afunda
Os olhos cansados de ver os sofrimentos
De um mundo indiferente aos desesperos
Do homem que caminha no vento frio
De um dia chuvoso de inverno.
Passos calados, no silêncio triste da noite
Ondas nervosas beijam com violenta fúria
A areia escura de conchas atreladas.
O vento uiva, as ondas gritam,
Enquanto as palmeiras se agitam
Num bailar sôfrego de lástimas.
O vento é longo, a caminhada solitária.
Uma praia vazia a um coração vazio.
O vento corta a face, esfria, gela,
Mata-me de um desgosto imposto
Por forças oníricas, ilusórias, enfadonhas.
Maldito vento frio arrepiando-me
A alma descontente e seca de esperanças.
E eu ando pela areia escura deixando marcas
Solitárias dos meus passos aturdidos
Num mundo de mágoas reveladas
E desejos perdidos.