como sempre fiz
impunemente me pisas
como as pedras
da calçada
como mato baldio
como flores distraidas
mas se aquece em mim no frio
acalma comigo o teu cio
se queixas a mim
das tuas feridas
francamente me amas
mas ama do teu jeito
veste lingeries ousadas
com um baton
bem vermelho
mas se mostra orgulhosa
só ao espelho
matrata meu peito
mortalmente me fere
com palavras afiadas
frases impensadas
trejeitos
repele meus carinhos
rasga meus versos
e eu
ai de mim
inconsequente
faço o inverso
te ofereço as estrelas
e o universo
mas relutante
recusas
me deixa um olhar distante
e disperso
e eu me mantenho imerso
nesse abismo inquieto
fiel a esse amor
infeliz
sentado
num canto
quieto
como sempre fiz