como sempre fiz

impunemente me pisas

como as pedras

da calçada

como mato baldio

como flores distraidas

mas se aquece em mim no frio

acalma comigo o teu cio

se queixas a mim

das tuas feridas

francamente me amas

mas ama do teu jeito

veste lingeries ousadas

com um baton

bem vermelho

mas se mostra orgulhosa

só ao espelho

matrata meu peito

mortalmente me fere

com palavras afiadas

frases impensadas

trejeitos

repele meus carinhos

rasga meus versos

e eu

ai de mim

inconsequente

faço o inverso

te ofereço as estrelas

e o universo

mas relutante

recusas

me deixa um olhar distante

e disperso

e eu me mantenho imerso

nesse abismo inquieto

fiel a esse amor

infeliz

sentado

num canto

quieto

como sempre fiz

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 26/07/2008
Reeditado em 26/07/2008
Código do texto: T1098399