LENDAS DE JAVÉ
Param os maestros da Javé!
Porrada na banda!
Ilusões infantis
criançam,
girando,
dançando nos signios da umbanda.
Das balas ocultas,
oculpa-se o lixeiro,
varrê-las para dentro de intempestivos horizontes
- contratos, fusões, cervejas, sambas, sacanagens, saraus,
não mais!
É o varredor que me conta logo o bicheiro
as novidades da banca:
o que deu na cabeça;
quem passa maconha;
lei seca!
No asfalto,
uma fenda aberta
engaveta automóveis,
nestas ruas suicidas.
Evite entorpecido
bater multas à revelia!
Ladrões ainda dão sinais.
As celebridades?
Nas colunas socais!
À calçada,
o homem fulmina.
À sua volta,
povo erradia.
Dele surge velas,
histórias,
preces,
rezas.
Cadáver descalçado
frente à loja
- dos cartões estourados,
no conforto da casa
à banda larga.
Mas no banco, propostas.
Mas no nome, SERASA.
Estão jovens, formando pirâmides.
Estão surgindo cortinas de aço
as custas e quedas de andaimes.
Estão fugindo ao diálogo,
aos nossos ouvidos!
E neles
tiros,
fones de rádios,
telefones portáteis,
horários corridos.
Concisos!
Se não me tivesse olvido
àquele compromisso
e não lembrado esposa e filhos.
Num instante, fingiu-se o tempo.
Noutro, espantou-se:
envelhecimento!
O que fiz nesses anos?
Tratamentos dentários;
comprei um apartamento;
fali dois casamentos;
troquei cinco carros;
trabalhei pra caralho;
aposentei encostado.
E os filhos formados;
e os netos à vista.
Rugas sortidas
em narinas traumáticas,
entre igrejas e bares,
santificam meus planos
numa nova mulher.
Mentiras, lendas:
ave, miséria!
Podre inocência,
decadência exposta
às lajes e pisos naturais.
Surgem centros ilustres,
na Javé corrompida
sob liturgias heróicas,
festas temáticas,
zonas residenciais.
Cidade dos Metais!