FOICE CIBERNÉTICA (13/04/2007, sexta-feira pela noite)
celebremos os homens máquinas
os homens mecânicos
que vivem de vender o próprio espírito
os homens que sorriem dólares
e se esquecem do gozo antecipado
antes da última aurora boreal
celebremos o fingimento premeditado
a gargalhada planejada
o gole de cerveja subvertido
o insulto mal elaborado
vibremos mais um ser eliminado
por mais uma vitória garrida
 guerreada a custo do suor alheio 
exaltemos ao Deus por nós criado
mutilemos nosso senso com a foice
esqueçamos que o beijo torto
é a despedida da morte cruel
... eu ...
esqueço que agora vivo mais do que nunca
e isso me mostra que viver é angustiante
não porque é ruim em si
 não, não é por isso 
é porque viver é em essência isso
quem não sente assim
é porque vive uma vida fingida
ou então se prepara em silêncio
para o auto-cadafalso
exaltemos mais do que nunca
o gozo cibernético
e o mundo virtual
que de virtual só tem o nome
celebremos o futuro brilhante que nos espera
amemos nem que seja a custa de ódio
esta deve ser a fórmula mais simples
... tu ...
o anjo descerá com a foice amolada
colocara-la sobre o pescoço do acusador
muitos gritarão em desespero
os bons se arrependeram de assim procederem
os maus se arrependeram de não serem bons
e nós os imaculados
ah... nós fulgiremos
sumiremos pela porta lateral
enquanto a multidão eufórica
pratica a sua justiça  cega 
... nós ...
viva ao novo mundo
forjado por mãos perfeitas
filhas de um amanhã vindouro
esqueçamos que algo precisa ser esquecido
sintamos então o peso do fingimento
tão valioso para nossa existência
e que existência...!?
vaguidão é o meu lema
celebrarei o último adeus
e o primeiro suspiro da agonia