Rabiscando uma Gaiola
Num pequeno pedaço de giz,
Rabisco uma gaiola,
Um pássaro que antes era feliz,
Hoje soluça e chora...
Vejo presa a esperança,
Do seu sonho adquirido,
Sua liberdade é uma criança,
Que hora fica de castigo...
Ouço o seu canto assustado,
Desabafando-lhe a vida,
Realçando um mundo listrado,
Que hoje lhe é ferida...
E no alimento confortante,
Vejo a tristeza contida,
O pão já não lhe é do trigo edificante,
A semente, já não é por ele colhida...
Sinto que sou um pássaro,
Desenhando minha própria gaiola,
Perco a noção do que me é sagrado,
Quando fico isolado do mundo lá fora...