NO  PALCO  E  NA  VIDA...


         Fim do último ato. Fecham-se as cortinas e a platéia ainda suspensa pela emoção de um paradoxal desfecho, silenciosa e entregue, deixa-se ficar... Na mente de cada um permanecem e desfilam  as imagens gravadas por retinas ansiosas que se entrelaçam a lembranças particulares, evocadas no deslizar das cenas. E lá no palco, os atores silenciosos, vão, lentamente, retomando seus conhecidos roteiros internos, um pouco confusos nesta metamorfose de almas e deixando devagar a pele do personagem que insiste em existir  por mais um tempo, como se o amor que há pouco explodira em cenas tão intensas  teimasse em permanecer acomodado em um possível desejo de fuga,  como possibilidade enganadora.
         Mas quando a cortina desce, na vida e no palco,  como por encanto, trocam-se os cenários num piscar de olhos,  pessoas e coisas somem sem deixar vestígios, e os amores  que  há pouco  brilharam como  fogos de artifício, fulguraram  lindamente  provocando deslumbramentos,  vão-se desmanchando, perdendo a forma na   neblina   do esquecimento
.
  Mas , por alguma arte de um deus esquisito ou brincalhão,  mal inicia-se uma nova peça, e logo a sala enche-se de espectadores esperançosos  e crédulos. 

" E a platéia ainda aplaude, ainda pede bis, a platéia só deseja ser feliz!"
tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 23/07/2008
Reeditado em 25/07/2008
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