NO PALCO E NA VIDA...
Fim do último ato. Fecham-se as cortinas e a platéia ainda suspensa pela emoção de um paradoxal desfecho, silenciosa e entregue, deixa-se ficar... Na mente de cada um permanecem e desfilam as imagens gravadas por retinas ansiosas que se entrelaçam a lembranças particulares, evocadas no deslizar das cenas. E lá no palco, os atores silenciosos, vão, lentamente, retomando seus conhecidos roteiros internos, um pouco confusos nesta metamorfose de almas e deixando devagar a pele do personagem que insiste em existir por mais um tempo, como se o amor que há pouco explodira em cenas tão intensas teimasse em permanecer acomodado em um possível desejo de fuga, como possibilidade enganadora.
Mas quando a cortina desce, na vida e no palco, como por encanto, trocam-se os cenários num piscar de olhos, pessoas e coisas somem sem deixar vestígios, e os amores que há pouco brilharam como fogos de artifício, fulguraram lindamente provocando deslumbramentos, vão-se desmanchando, perdendo a forma na neblina do esquecimento. Mas , por alguma arte de um deus esquisito ou brincalhão, mal inicia-se uma nova peça, e logo a sala enche-se de espectadores esperançosos e crédulos.
" E a platéia ainda aplaude, ainda pede bis, a platéia só deseja ser feliz!"