NO INTERSTÍCIO DO FIM

De olhos cerrados e gestos lentos

Corre os finos dedos pelo cabelo grisalho

Um fio solto...

Desconectado.

Fora do contexto exasperante.

Foi desistida da vida,

Ela a mastigou e cuspiu.

Abre os olhos dormentes,

Perambula o olhar pelo ambiente.

Uma rachadura na parede

Um quadro desbotado

Tudo tão parado!

Não olha a janela aberta

O balanço das árvores é avesso à cena.

Não espera mais nada agora.

Nesse interstício de vida e morte,

Queria partir guiada por um anjo,

Apertando os olhos violados pela luz

E sorrindo... isso seria um belo arranjo.

Como uma menina delicada e risonha

Ao menos aos seus olhos

Ao menos ao seu toque

E assim renascer outra vez.