Negra noite
Nada é certo
no negro que cala a noite
onde o riso marcou momentos
amanheceres distantes, sem sonhos,
morre o destino ainda menino
nas águas de triste lamento.
Corre a vida, veloz,
sem horas, sem tempo,
reflete a dor que traz o olhar,
volta e vê o nada que ficou
registrando os passos
no sonho que se apagou.
Apenas silencio
na noite que perdeu a paz,
não adormece o anjo,
sentado à beira da cama,
pequena ilha, velhos sonhos,
restos, amor que não existe mais.
Nas mãos, o frio do vazio,
o corpo envolvido pelo terror
tem a alma mutilada,
na noite, a saudade que fica
marca o compasso da dor
escrevendo a vida
com a lâmina de uma espada.
Nessa jornada, noite apagada,
nem luas, nem estrelas,
dorme o sol apenas
na sombra que se faz insone,
mesmas horas, mesmos ontem(s),
mesmo anjo de face não mais serena.
Nada mais a esperar,
sem amanhãs, sem vida, sem paz,
entrego-me ao negro da noite
lembrando que o amor se foi,
nesse sepulcro insone, deito a vida,
fria lápide onde o amor jaz.