Negra noite

Nada é certo

no negro que cala a noite

onde o riso marcou momentos

amanheceres distantes, sem sonhos,

morre o destino ainda menino

nas águas de triste lamento.

Corre a vida, veloz,

sem horas, sem tempo,

reflete a dor que traz o olhar,

volta e vê o nada que ficou

registrando os passos

no sonho que se apagou.

Apenas silencio

na noite que perdeu a paz,

não adormece o anjo,

sentado à beira da cama,

pequena ilha, velhos sonhos,

restos, amor que não existe mais.

Nas mãos, o frio do vazio,

o corpo envolvido pelo terror

tem a alma mutilada,

na noite, a saudade que fica

marca o compasso da dor

escrevendo a vida

com a lâmina de uma espada.

Nessa jornada, noite apagada,

nem luas, nem estrelas,

dorme o sol apenas

na sombra que se faz insone,

mesmas horas, mesmos ontem(s),

mesmo anjo de face não mais serena.

Nada mais a esperar,

sem amanhãs, sem vida, sem paz,

entrego-me ao negro da noite

lembrando que o amor se foi,

nesse sepulcro insone, deito a vida,

fria lápide onde o amor jaz.

Aisha
Enviado por Aisha em 23/07/2008
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