Canto em desencanto

Canto meu canto sem tom, sem encanto,

vejo nas vidraças faces amortalhadas,

em vestes sombrias, sem vida,

sobriamente alucinadas...

Gotas amargas de chuva contínua

atolando a alma perdida em lama,

reflete o mal nesse mundo vivido

envolto no medo que nunca ama...

No sonho o desejo que nunca floriu...

Mostra-se nas sombras último arrebol,

será feito em noite o eterno tardio?

Volto os olhos à procura do sol.

Manda a calma que espere em cena

pela vida que a morte almeja,

sórdida sorte se faz pequena

alma minha que tanto deseja...

Sendo de vento a tempestade afoita,

cobre horizontes em nuvens serenas,

sofre o carrasco que o corpo açoita

tornando a paz um sonho apenas...

Aisha
Enviado por Aisha em 23/07/2008
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