ENTREGUEI-ME
Minhas mãos sobrepostas
frias e sem cor,
cruzam o meu peito e eu
no meu leito
sombrio e profundo.
As rosas que chegam
os cravos que cobrem
o meu corpo que já
não me pertence, pois
ele se foi ontem após
o almoço.
Como dói ver vocês,
amigos, parentes,
meu irmão, minha mãe
num choro imbúfero
da dor que se sente.
Ainda não entendo,
porque eu aqui vendo
tudo e a todos...
Quando todos aqui não
me vêem.
Me sinto perdido e
vejo nuvens brancas
sobre meu corpo...
vejo o céu e luzes
me sinto adormecendo.
Acho que me vou.
Partida terrena
porém tranquila
o manto branco me
cobre.
E eu daqui, subo,
partindo para algo
estranho, não sei dizer...
confuso ainda
me vou...
Adeus.
(EDUARDO BARROS)