BRINQUEDO TORTO. (erótica suave)
BRINQUEDO TORTO
(Poet Ha, Abilio Machado. 03.86)
A língua no brinquedo...
Torto,
O farto que seduz
Há um calor complexo
D’um celibato esquecido
No momento do molde e do barro
Da carícia que acorda
O jovem aprendiz
Cerca com a palma da mão...
No abraço gostoso
Sem culpas depois
No sussurro ao ouvido
Sem ouvir o rumor
O teto em testemunho
Calado e presente!
Aos peitos arfantes,
O som dilacerante
Do silêncio atroz
Ser parte de alguma alma
Parte do tempo
Parte do escuro
E da própria luz...
A não importar a ninguém
Aperta-se o nó
Eu... O teto...
O chão... A escola...
Digitais sobre a glande
A mão acalmando o desejo
Sempre na mesma nota
Cinco dedos abraçados
Ele tão só agarrado
Sempre na mesma canção
Uma chuva
Ao corpo tão nú
A vida a balançar na linha
Para lá e para cá
Melhor sair deste banheiro
Que a sineta da escola avisa
Os gritos que correm acodem:
_O intervalo!
_O recreio findou!