Retirante do Progresso

Na beira de uma estrada

Uma casinha de madeira

Lá vive um peão boiadeiro

Ali não se vê mais bois,

Não se vê pasto ou invernada.

Não se ouve mais o som do berrante

Que era a canção das madrugadas...

Mas de longe se ouve uma viola

Que a saudade do peão chora...

A poucos metros da velha casa

Um sarilho velho abandonado,

Uma paineira centenária

E um gasto arreio de gado;

Nos olhos do peão...

As marcas da sua história...

E de longe se ouve uma viola

Que a saudade do peão chora.

Ele relembra com saudades

Do quanto era puro o lugar,

A única fumaça que havia

Era da chaminé a assoprar

Avisando que era hora

De o rebanho ajuntar...

Mas de longe se ouve uma viola

Que a saudade do peão chora.

Ali não havia outros ruídos

Além dos pássaros cantadores

Não lhe faltava na mesa

O pão e o frango ao molho

Domingo ia à missa

Na Igreja do Nosso Senhor...

E agradecido sorria

As crias do gado reprodutor.

Mas longe se foram seus filhos

Na ilusão do progresso,

Depois foram os amigos

Atrás de um futuro incerto...

E a velha igrejinha, hoje está vazia

O asfalto corta a velha estrada...

O canavial queima à beira da casa,

E o som do berrante

Ele ouve apenas na memória...

Mas de longe se ouve uma viola

Que a saudade do peão chora.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora

Poesia inspirada no poema Mulher de Retirante.

Dedicado aos sertanejos do Sul.