Inverno em mim

Sopra o vento e leva,

As folhas caídas do outono...

Logo chega o inverno, e no sul neva,

Trazendo o frio e o abandono...

As ruas vazias, e sem simetria,

E calçadas que se vão...

Com imagem sem cor, doentia,

Desta tão fria, estação...

Sem rosas ou flores,

E chuvas a qualquer momento...

Com o vento encanando nos corredores,

Esfriando a qualquer sentimento...

Ai, não sei se é eu que estou triste,

Não sei se congelei a minha coragem,

Mas se é à-toa, ela em mim existe,

E se vê refletida nesta imagem...

Porque vejo janelas vazias,

Jardim sem flor, anjo sem asas...

Perdido pelas periferias,

Batendo às portas das casas...

Anjo que não se sabe o nome,

Anjo que não se sabe a idade,

Tal qual a sua misera fome,

E sua crise de identidade...

E frio, esse anjo do inverno,

Com seu olhar e arrepio,

Fazendo-me lembrar que é quente o inferno,

E eu aqui, morrendo de frio...

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 21/07/2008
Código do texto: T1090654
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