Inverno em mim
Sopra o vento e leva,
As folhas caídas do outono...
Logo chega o inverno, e no sul neva,
Trazendo o frio e o abandono...
As ruas vazias, e sem simetria,
E calçadas que se vão...
Com imagem sem cor, doentia,
Desta tão fria, estação...
Sem rosas ou flores,
E chuvas a qualquer momento...
Com o vento encanando nos corredores,
Esfriando a qualquer sentimento...
Ai, não sei se é eu que estou triste,
Não sei se congelei a minha coragem,
Mas se é à-toa, ela em mim existe,
E se vê refletida nesta imagem...
Porque vejo janelas vazias,
Jardim sem flor, anjo sem asas...
Perdido pelas periferias,
Batendo às portas das casas...
Anjo que não se sabe o nome,
Anjo que não se sabe a idade,
Tal qual a sua misera fome,
E sua crise de identidade...
E frio, esse anjo do inverno,
Com seu olhar e arrepio,
Fazendo-me lembrar que é quente o inferno,
E eu aqui, morrendo de frio...