FILOSOFIAS OUTONAIS DA VIDA

FILOSOFIAS OUTONAIS DA VIDA

Pássaro cativo que almeja a liberdade.

Pássaro livre em cativeiro disfarçado.

Sonho com um e vivo na identidade

do outro, preso ao passado.

Voar para bem distante dos dois.

Ficar no hoje e esquecer o depois

e planar no céu azul.

Sou escrava dos meus costumes,

dos hábitos, do preconceito,

sem saber o que é direito.

Desejo ser livre e me encontro cativa.

Quero um descanso e estou na ativa.

Penso nos outros e o egoísmo,

egocentrismo e usura

desconectam-me do mundo.

Encontro-me no espaço

entre o hoje e o amanhã.

Meio ser, meio mineral.

No esforço, no descompasso

da vida, que passa naquele afã.

Sofro? Não sei se sentimento

entra nesta história.

Não sei onde foi parar

a minha memória,

onde estão os amigos

e os amores de outrora.

Eis que raiou a aurora

e já chegou a manhã.

Nova vida, novos planos,

novos rumos sem desenganos

no alvorecer do outono.

Folhas amarelas e vermelhas

incendeiam a paisagem.

Não venha fazer visagem,

que não estou pra brincadeira.

O baile acabou, recolhe a cadeira

e vamos embora neste arrebol.

A noite se foi, raiou o sol

e iluminou a escuridão.

Não sou bêbado e cambaleio.

Não sou pássaro e volteio

no ponteio do coração.

Não há mais gás, combustível.

Cansei, mas não desisto

daquilo que é insubstituível:

A Esperança, a Paz, o Perdão.

Gilda Porto
Enviado por Gilda Porto em 21/07/2008
Código do texto: T1090544
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