Musa Clandestina


Queria ter gravado um nome na blusa
Queria pela janela não ter visto o tempo passar
Queria ter levado um sorriso
Queria que viesse a mim o mar

Se eu pudesse o grande amor
Se meus pés não tocassem o chão
Se eu sumisse por aí
Se eu fosse Maria ele João

Amaria o amor urgente
Amaria o amor sem pressa
Amaria de um jeito manso
Amaria ton soleil ta braise

Mesmo que meu sapato não pisasse o teu
Mesmo que eu não entornasse poesias pelo chão
Mesmo que encantado não me seguiste
Mesmo que não fosse meu o suburbano coração

Ainda assim eu seria Carolina
Januária, Rosa, Rita
Joana, Renata, Lia
Madalena pro mar eu iria

Mas sou mesmo é Cristina
Lua Cris invade o luar
Acorda oh! musa clandestina
Que nunca fui... por isso não posso voltar 


( ilustração: rosto do Chico Buarque - desenho Cristina Nunes )

versão com desenho da poesia Musa Clandestina publicada em 07/11/2005