Menina moça
Lança-te só e que seja de lirismo a mó,
cala na boca o desejo, na pele o pejo,
leva-te à loucura e pede pela cura,
que te reconstrua do áureo pó.
Solo lampejo busca sólido momento,
roda ciranda a criança teu festejo,
seria de sonho o amanhã que recria,
ou apenas de hoje é feito teu beijo?
Lança-te só, em ti apenas lirismo e pó,
roda no giro das rimas de uma poesia,
pobre maltrapilha, de luares e maresia,
ondas soltas em sombras fazendo a mó.
Sonha teu sonho de puro encantamento,
nua, entrega-te a noite com teu desejo,
ocaso em ti, onde estará o lamento?
Será de paz o amanhecer que vejo.