Grito
É a noite, é o dia, a fantasia,
É o cheiro da flor e da cachaça,
É o Grito de dor que nunca passa,
É um Grito de paz em plena rua;
Uma alma criança, outra devassa,
É o dengo, o chamego, a palmatória,
A cegueira, a surdez, é a virtude,
É a cama, o silêncio, a pele nua;
A quietude, o sussurro, a arruaça.
É a vida real, é uma história,
É um conto, uma glória, uma desgraça,
É um Grito, um suspiro, uma heresia,
É a fé renovada, é a falácia;
É o templo lotado de esperança
E a ausência de Deus, só de pirraça.
É o homem sozinho em guerra crua,
É a descrença é o sismo da razão,
É o Grito feroz por privilégios
E o pedido inaudível de perdão;
É o saber desprovido de grandeza;
É o homem tão cheio de certezas
E a incerteza repleta de homens vãos.