ENGASGO DO CÉU

Na noite, um engasgo,

um filho novo tosse de saliva

abafando a voz da mãe desesperada,

sei que não pegará friagens de constelações

e choverão graças rogadas ao céu.

É sonho

de não ter medo de dormir

sem rede,

é sempre sonho pra ninar

nos braços teus

o nosso filho de colo

feito no sexto dia, em preguiça,

quando o mundo fez feriado ao amor.

De dia, um conforto,

a estrela deita sobre a nuvem

aquece o sol tão nu no céu da cidade,

sei que os lençóis não enviuvarão de solidão

e cairão mortalhas frias como chão.

É tempo

de não ter medo de voar

sem pressa,

é sempre tempo de chegar

aos braços teus

ao carinho sem pudor

feito na primeira frase dita

quando repetida, emudecida me beijou.