POEMA DE AMOR FEITO EM SEGREDO
Você vai ver
como é bom guardar-se
entre segredos, medos de amar,
soltar a voz do peito e deixar ele saltar
entre a cruz e a espada
você deixa eu lhe ferir
e eu me deixo crucificar,
padecer até a pedra se abrir
catacumba, mandinga, esperança
sem par de alianças e casar só com anéis.
Você vai sentir
como é com se trancar
nos seus braços de chave em cruz
fechando o quarto e a trava da fechadura.
entre o chão e o teto
você deixa eu lhe voar
e eu me deixo sementear,
receber toda migalha de mão
da ofertada, do trocado, da mendiga
guardada nesse cofre sem mais os mil réis.
Você vai ver
como é bom se calar
nos beijos com visgo e vícios
fechando a voz, o medo, o gritar dos lábios.
entre o anzol e a isca
você deixa eu lhe fisgar
e eu me deixo morder,
sentir a tempo o mau tempo
da inquietude, da necessidade, do pavor
do quarto aberto sem tremor por tanto amar.