SOLAR

Na claridade

teus olhos quebrarão espelhos

estilhaçando teus pedaços para o céu,

quem nunca fez pedido ao léu

nunca crerá no risco vermelho.

No horizonte

teus olhos molharão os sonhos

e as areia encharcadas pelo mar,

quem nunca fez pedido ao céu

nunca verá o Cruzeiro do Sul.

Na primeira casa eu fui cidade

Na segunda outra, a claridade

Já nem mais sei

aonde te verei dormir,

vou procurar, vou procurar e te seguir

do primeiro sol do céu ao último pôr-do-mar.

Na escuridão

meus olhos sós se quebrarão

quando abertos não puderem enxergar,

quem nunca viu o sol de perto

nunca crerá no fogo da paixão.

No temporal

meus olhos sós se molharão

felizes, longe por estarem perto ao cais,

quem nunca viu a terra em pranto

não sofrerá de saudade, jamais!

No manhã madura eu fui céu

Na outra, escura, ganhei estrelas

Já nem sei mais

aonde te verei sonhar,

vou te encontrar, te encontrar e descobrir

raios de sono despertos na tua última manhã solar.