Comigo mesma
Esquadrinhei a literatura
romântica e realista
sorvendo dramas, tragédias e poesias.
Fiz o caminho oposto
de viés, de retaguarda,
atrás dos vales, sobre pontes e
em longos precipícios.
Da semente à colheita
contei luas, marés,
pegadas e areias.
Nos desertos de ventos frios
e silêncios mutantes,
saciei minha sede
em cântaros elitizados.
Quanta incógnita!
Quanto questionamento!
As palavras eram opacas
e os tons adjetivos.
Eu era o enigma.
Desfiz-me, então,
em dunas baixas
e corredeiras espumantes.
A sabedoria não traz essa
felicidade publicada nos boletins.
É preciso mais que um salto mortal.
E um olhar atento
que acompanhe o sangue no fio da navalha.
A ideologia é francesa, mon amour.
Mas, o que sei do amor,
vem somente do meu eu tatuado, codificado, impresso.
O meu eu que crê, compartilha e persiste.
Nada há, entre a emoção e a razão,
que impeça a palavra de ser o reflexo da alma.
Sendo assim, meus escritos
são roupagens do meu avesso inusitado.