DOR E SILÊNCIO

(Este texto foi inspirado num Poema magnífico de HELENA C. ARAÚJO - "Silêncio e dor...")

Prendi a minha dor em masmorras de silêncio,

Algemei-a, amordacei-a,

Temendo que um grito,

Um só grito,

Escapasse das feridas abertas,

Das nesgas estreitas,

Dos golpes em chagas.

Isolei-a com lágrimas

Que petrifiquei nos meus olhos

Em cristais de mudez.

Mas... ai de mim!,

O silêncio cresceu,

Emoldurou minha dor

Em auges de clamor.

Engrandeceu-lhe o fragor,

Fez sobressair os gemidos

Cegos,

Feridos,

Traídos,

Dilacerados,

Dos meus martírios...

Então...

Libertei os meus ais

E na mescla do Mundo

Os soltei, vagabundos,

Iguais,

A tantos outros, doloridos

Que tais...

E o eco finou-se,

Apagou-se,

Amortecido pelos gritos de gente

Que, como eu, sofre, indigente,

Em busca de Paz...

O silêncio não é a voz da dor,

Mas que a faz gritar mais alto...

Ah!,... lá isso, faz!!