VENTO
Retorno a estas montanhas
Onde os ventos rarefeitos são como vozes
Que escuto longamente, deliciado.
Soam como delícias frescas
Em meia dúzia de notas puras,
Sempre presentes e dadivosas.
Não sei se me contam dum passado
onde meus silêncios falaram por mim,
muito mais do que tudo o que eu disse.
Ou se me falam dum futuro mais ousado,
onde talvez as palavras sejam só palavras,
em rumos breves, imediatos,
que não precisam dizer nada.
Mas sei que o tempo é escasso,
e tardio o meu voto,
por isso tenho pressa.
E fome das planícies douradas,
onde posso acompanhar o vento
sem deixar que passe por mim,
para não ter de escutar
o que me diz baixinho,
aqui em cima...
Descerei pelas mesmas trilhas,
ao encontro do silêncio.