PELA AREIA
Caminhando pela areia
Me encantei com a sereia
No sol a se bronzear,
Fiquei tão paralisado
Que não percebi no lado
A figura de iemanjá.
Os seus cabelos compridos
Em seus ombros umedecidos
Reluziam como ouro.
Como os veios de uma mina
Ou criado em alquimia.
Um verdadeiro tesouro.
Seus olhos eram brilhantes,
Pareciam diamantes,
Lapidados com carinho.
Fixavam o infinito,
Buscando algo restrito,
Que iluminasse o caminho.
Tinha os lábios carnudos
E um sorriso obtuso
De quem vive no mar.
Seus dentes perolados
Parecia um rosário
Pronto para rezar.
A onda do mar que vinha,
Como um lençol de linha,
Cobria-lhe até a cintura.
Um cardume de golfinhos,
Como se fossem vizinhos,
A saudavam das alturas.
Cheguei perto da sereia
Sem fazer muita teia
Queria lhe falar.
Ela virou de lado
O tempo ficou parado
Enquanto sumia ao mar.