NO ÉDEN ANTRÓPICO, UM TEMPO SEVERO DESTRÓI A FANTASIA
Um tempo severo
Clama rangendo dentes:
Chama teu deus
Chama teus entes
E num batismo de sangue
Engole, soterra, enterra
Afoga, desabriga e mata
Um tempo severo
Retorna ao não
Da calmaria do tempo inerte
Obedece a palma da mão
Que em rezas a Sebastião e Maria
Entrega-se todo povo sem sorte
No medo soturno da morte?
Um tempo severo retorna
Ao não da calmaria
Do tempo inerte
Por ser este matéria portentosa
Que move a história em ventos
Que cura feridas em ungüentos
Que se acomoda em violenta
Geologia e em antrópica destruição
Da fantasia?
Um tempo severo
Batiza meu sacrifício
E me emprenha de poesia