Sombras do amor
Hoje acordei vazia de mim mesma,
sem alma, sem luz, apenas um corpo margeando as ruínas que restaram.
Olhei o teto, continuavam lá os olhos que desenhei noite passada,
quando a vida em vigília arrancava-me dos sonhos
o desenho dos ontem(s) onde amei e fui amada.
Descanso a cabeça sobre o travesseiro frio,
as mãos quentes que acarinhavam meu corpo
perderam o calor no inverno que chegou sem avisar,
frio, pálido, sem vida, fantasma da noite mal dormida,
onde pelas sombras do quarto desenhei o amor.
Não quero as lembranças ainda vivas dos ontem(s)
nem tão pouco as esperanças mortas de um amanhã que não sei,
não quero mais sonhos sem vida ou imagens em paredes frias,
calo a voz nos abismos que se lançam sobre mim
libertando-me do que sou para tornar-me o amor que um dia sonhei.
Hoje acordei vazia de mim mesma,
o sol que me aquecia já não aquece mais...
Sou só uma sombra perdida
nas paredes do quarto onde seus olhos ainda me trazem paz...