Crepuscular
Oscilo o pensamento para sentir o eco crepuscular
da passagem dos dias, os dedos desenham a sensibilidade
líquida da paisagem: as horas que correm entre a luz e a
impaciência ontológica que absorve o horizonte. Com os olhos
pronuncio a certeza das palavras colhidas no silêncio, invoco o
desígnio dos lábios para que as sílabas corram pela planície dos instantes, artérias onde a folhagem na noite reflecte os vidros de uma memória vulnerável. A solidão eterna de todos os jardins
erguidos ao delírio desse vento esparso. Escrevo num Domingo qualquer sobre as pedras e ouço a existência deambular sem margens rente às veias.