Inverno aqui dentro
É de invernos que me disfarço
no frio da manhã que me acompanha
tocando a face de minha solidão
o tempo violando cortinas
meus passos apressados e tímidos
na premência de ser já primavera
colorindo os sonhos e minha ilusão.
Na luta premente dos dias
ao som de canções tristes e vazias
o vento se despede do que fora árvore
e nesse instante invejo o destino dos pássaros
de alçar altos vôos e ver tudo do alto
de sobrevoar o jardim de sonhos
e chegar, enfim, aos teus braços.
Nos invernos de que me visto
nunca te esqueço e, como demoras
peço ao tempo as horas maiores
para me abandonar aos teus carinhos
frágil fêmea em flerte
na friagem desse inverno
em busca de teu amor
para me aquecer
para me enlouquecer
Eu peço à vida
a hora mansa e quente
os chãos de amar
em cores de inebriar
semelhantes no querer
horas ansiosas por acontecer
peço ao tempo, o tempo de te encontrar...