O Azul Veloz

O azul das estradas ao poente, plátanos como na insónia as

aves voltejam sobre a mente - talvez, talvez na casa deserta

reste o filtro da voz, a pele despida numa certeza imersa

(não voltarei para sentir o teu brilho!). Nenhuma dor súbita,

nenhuma dor para lavrar na cicatriz aberta pela ausência

(o que se escreve enquanto se consome a solidão veloz!).

Subtilmente os objectos desvelados com o tubular entardecer

- pelos campos corre um céu magnético que não perturba

a cúpula luminosa do ar. Entre as folhas, entre os

vidros esconsos, revejo o silêncio de janelas etéreas (janelas

onde nunca está ninguém) - em coágulos cai a espuma dos

sentidos.

(A película azul das estradas ao poente).