Agosto

De noite. À noite uma vegetação cristalina irrompe de um

lugar longínquo. A superfície marcada por um azul incessante

que o olhar sustém. Com palavras habitadas: na boca

árida do ar ou das aves silenciosas sobre os muros. Contemplar

os objectos perturbados ao vento álgido, para depois te

perder fascinado pelos sulcos do teu corpo - o teu corpo

por onde deslizam as pétalas íntimas da alegria. Com as

palavras: nas horas em que fizemos da inquietação a certeza

de um amor cumprido. De sílabas sucessivamente objectivas.

Decifráveis. À noite as aves deslizam pela vegetação.